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Dez lições sobre liderança que você nunca vai aprender nas escolas de negócios nem nas faculdades ou universidades, pois somente a dor e o tempo serão capazes de fazê-lo entender

Liderança é conversa fiada, afirmou Peter Drucker, o grande guru da Administração, em sua última entrevista para a imprensa americana, pouco antes de partir, em 2005. Como se trata de alguém que dedicou a vida à Administração, muita gente torceu o nariz, mas não se manifestou nem contra nem a favor.

Em todas as minhas turmas de MBA com foco em liderança, testemunho a preocupação dos jovens e adultos sobre a dificuldade cada vez maior de se obter comprometimento das pessoas que ingressam no mercado de trabalho.

Na prática, essa nossa maldita cultura de dependência das benesses do governo e a preguiça natural do ser humano serve muito mais para criar pessoas descompromissadas e abusadas em alguns aspectos do que para formar cidadãos preocupados com o futuro do país e com o seu próprio futuro.

O comprometimento com os resultados e o respeito à hierarquia tornaram-se uma utopia e as pessoas mudam de emprego na mesma velocidade com que mudam de roupa em razão do imediatismo financeiro e profissional que tomou conta do mundo.

Tenho avaliado com profundidade essa questão da liderança e arrisco a dizer que nenhuma faculdade, universidade ou mesmo escola de negócio forma líderes. O que a maioria tenta é adestrar profissionais para seguirem a cartilha das empresas, as quais, lamentavelmente, pelo menos no Brasil, ainda pensam que as pessoas são apenas um número e, portanto, devem fazer aquilo que a empresa quer, não o que é necessário ser feito.

Como professor da matéria, posso dizer que a nossa tarefa consiste em formar pessoas que cometam o menor número possível de erros em cargos de liderança considerando que os mitos do líder nato, do líder treinável ou mesmo do carismático já foram derrubados há muito tempo.

É duro imaginar que, em pleno século 21, as pessoas ainda necessitem de “líderes” para comandá-las ou para ensinar o que elas mesmas não conseguem aprender em trinta anos de carreira e que ainda tenhamos de utilizar exemplos de lideranças questionáveis como as de Hitler, Putin, Clinton e do próprio Jack Welch.

Liderança é uma forma de dominação social e de poder, seja ela carismática, racional-legal ou tradicional. Como diria Stephen Covey, estudioso do assunto, é um conceito misterioso e ilusório que nunca será dominado na face da Terra, pois as variáveis políticas, sociais e econômicas mudam constantemente e não temos o menor controle sobre elas.

Se você quer apenas conhecer as melhores práticas sobre liderança e, de quebra, ainda levar um certificado, a escola é o melhor caminho, mas se você quer entender como funcionam os bastidores da liderança nua e crua, aqui vão algumas lições que, raramente, são ensinadas nas escolas.

  1. Liderança é uma forma de dominação social, mas o fato é que ninguém gosta de receber ordens; a maioria das pessoas se sujeita por uma questão pura e simples de necessidade ou de sobrevivência;
  1. Para a maioria dos presidentes, diretores e gerentes, o melhor profissional sempre foi e sempre será aquele que não questiona e, principalmente, aquele que não tem a menor pretensão de ocupar o lugar do chefe;
  1. Chefe é aquilo que você deseja ser, mas odeia ter; Se você precisa de um chefe para se motivar, você está no lugar errado;
  1. Os quatro mitos da liderança já foram quebrados por Robert Goffe e Gareth Jones, pesquisadores do assunto: 1º) Nem todos podem ser líderes, alguns nem querem; 2º) Nem todos os líderes que chegam ao topo são líderes, alguns chegam por conchavo, conluio e outros métodos nada ortodoxos; 3º) Nem todos os líderes levam a resultados, caso contrário, o serviço público seria maravilhoso; e 4º) Nem todos os líderes são grandes coaches;
  1. Existem coisas da alta administração que nunca vão chegar ao chão de fábrica e vice-versa, portanto, não há razão para conspirar nos banheiros da empresa. Alimentar expectativas em relação a isso é uma forma inquestionável de sofrimento;
  1. A maioria dos profissionais que se dizem líderes tem dificuldades em reconhecer o bom trabalho dos seus liderados; portanto, se o reconhecimento não vier como o esperado, pare de reclamar e continue trabalhando;
  1. Não existe liderança nata, mas algumas pessoas são favorecidas por características de comando e controle, fruto do meio onde nascem, crescem e se desenvolvem;
  1. As empresas são realidades socialmente construídas muito mais nas cabeças e mentes de seus líderes do que em métodos aprendidos nas escolas; as empresas refletem o pensamento do dono, do diretor, do chefe e assim por diante;
  1. A maioria dos líderes não sabe dar e nem absorver feedback. Primeiro, porque não foram preparados para isso, segundo porque tomam o próprio feedback como ofensa pessoal; quem não sabe avaliar, reposicionar e demitir pessoas nunca deve se meter em cargos de liderança;
  1. Ao contrário do que afirmava James Hunter, autor de O Monge e o Executivo, liderança não exige perdão, nem humildade, nem altruísmo, nem nada parecido; liderança exige muita disposição para engolir sapos e lidar com gente dissimulada, uma boa dose de hipocrisia corporativa e, principalmente, desprendimento de alguns valores, caso contrário, você pode chegar até o topo, mas não conseguirá se manter nele.

Por fim, lembre-se: não existe fórmula para ser líder. A liderança é um somatório de várias competências raramente encontradas numa única pessoa. Portanto, seja você mesmo, faça o melhor que puder e pratique o senso de justiça. Ter poder não lhe dá o direito de ser cruel nem de brincar com a vida das pessoas.

Você não precisa concordar comigo para continuarmos convivendo pacificamente, apenas pense nisso!

Fonte: Administradores.com.br; Autor: Jerônimo Mendes.

 

10 lições sobre liderança